"Regions2" e Crónica da Lapónia

"Regions2" e Crónica da Lapónia

“Excelente”, foi o termo que usaram Filipe Cálix e Daniel Rocha para descrever a semana de formação que passaram em Inari, na Lapónia finlandesa, no passado mês de junho. Os professores teceram rasgados elogios à organização, às condições e ao ambiente de trabalho, à qualidade da formação e à magnífica oportunidade de desenvolvimento de conhecimentos e competências relativas à temática do eJournal, uma interessante e prática plataforma digital para apoio ao desenvolvimento de projetos internacionais, mas não apenas.

“Foi uma semana intensa com sessões de trabalho e workshops desde as 8h30 às 17h30, num ritmo elevado onde só o intervalo para refeições nos permitia “respirar” um pouco e alhear do objeto da formação”, confessava Luís Cálix. Desde a criação, coordenação e desenvolvimento de projetos, às questões técnicas relacionadas com as TIC associadas à educação (conteúdos, software e dispositivos), à videoconferência, passando pelas competências de comunicação intercultural, a diversidade e riqueza dos temas abordados permitiu a todos os participantes importantes ganhos para o desempenho profissional no âmbito disciplinar e transdisciplinar, mas também para a criação de condições para a abertura da escola à partilha intercultural em dimensão europeia. “A temática é extremamente interessante e encerra um potencial enorme de desenvolvimento que só nos compete agora aproveitar e, estou seguro, vamos consegui-lo”, referiu entusiasmado Daniel Rocha.

Pelo que pudemos apurar, a convicção do professor não resulta apenas de um desejo. Na verdade, a representação da nossa escola fez-se notar: dos 39 projetos apresentados durante o curso foram selecionados apenas dois para desenvolvimento, sendo que um deles foi o da nossa escola. Filipe Cálix estava muito satisfeito com a “proeza” sobretudo, como explicou, “porque valeu a pena quer o trabalho preparatório quer o trabalho que foi desenvolvido já durante o curso, mas também porque estou convencido de que será um benefício para os nossos alunos e para a nossa escola. Além disso, mostramos que os portugueses são tão bons ou melhores que os outros”, concluiu orgulhoso. O projeto chama-se “Regions2”.

Como explicou Filipe Cálix, “Regions2”, é um projeto de partilha cultural entre oito escolas de cinco países (Portugal, Polónia, Roménia, Holanda e Grécia) envolvendo cerca de 190 alunos, relativo a temas de cultura local e hábitos de vida quotidiana e escolar. Tem como objetivos principais o intercâmbio cultural e o desenvolvimento da Língua Inglesa, a par dos conhecimentos e competências ligadas às TIC.

Será desenvolvido exclusivamente em Língua Inglesa através de trabalhos realizados por alunos de uma turma do 8º ano, em vários tipos de suporte digital – textos, apresentações multimédia, fotos, filmes, músicas – apresentados e partilhados num eJournal  já criado para o efeito. Haverá ao longo do processo momentos de contacto entre os alunos e as escolas através de sessões de videoconferência, um dos recursos disponibilizados pelo eJournal.

“Regions2” terá a coordenação europeia a cargo de Filipe Cálix, sendo Daniel Rocha o coordenador da escola portuguesa, a Escola Básica António Alves Amorim. Desenvolver-se-á, numa primeira fase, entre outubro de 2012 e janeiro de 2013 sendo que, dependendo dos resultados alcançados, poderá haver uma candidatura ao Programa Europeu Comenius, para a sua continuidade no ano letivo seguinte, já com intercâmbio físico entre escolas.

Compreende-se assim a evidente satisfação dos dois professores na avaliação desta experiência em terras da Finlândia. Mas não apenas por esta razão. Daniel Rocha elogiou também o riquíssimo programa cultural que decorreu paralelo à formação e as paisagens belíssimas sempre enfeitadas de luz e sol, mesmo depois da meia-noite. “Era difícil ir para a cama com o sol alto e isto tornou difícil a adaptação àquelas condições de luminosidade. Em resultado, dormimos sempre muito pouco. Mas também aproveitámos para trabalhar, e isso reverteu a nosso favor e do nosso projeto.”

 “Os finlandeses mostraram que também sabem receber. Não sendo muito expansivos, revelaram cuidado com os pormenores e não deixaram de divulgar os valores da sua cultura: promoveram a sua gastronomia – uma agradável surpresa – a sua água puríssima, os lagos e as florestas e o sol da meia-noite, o riquíssimo (e caríssimo) artesanato, o peixe do lago, as renas, muitas renas, claro, e o povo Sammi, uma etnia da Lapónia, próxima do que conhecemos como esquimós, com uma língua própria - mais indecifrável ainda que o próprio finlandês - e que esteve à beira da extinção por altura da II Grande Mundial, como nos explicaram”, acrescentou Filipe Cálix.

“Aventura? Claro, também houve: em Lisboa cancelaram-nos um voo que nos fez perder meio dia que tínhamos para visitar Helsínquia – ficámos a conhecer apenas o aeroporto; extraviou-se a bagagem, também em Helsínquia, o que nos obrigou a ficar dois dias sem os nossos haveres e a fazer compras de conveniência; entrámos na Rússia clandestinamente – meia dúzia de metros junto a uma fronteira florestal; comemos salsichas assadas numa fogueira no meio de uma floresta – como se fosse o melhor pitéu do mundo – e fomos obrigados a cantar, isso mesmo, cantar, uma rapsódia de cantigas populares portuguesas. Com a ajuda das nossas excelentes colegas portuguesas, começámos com o «Eu ouvi um passarinho…» e, depois de meia-dúzia de modinhas, como era tempo de Europeu de futebol, rematámos com o «Vamos lá cambada…» do Herman. O verso final foi o que nos deu mais gozo «E o maior é Por-tu-gaaal». Fomos aplaudidos. No dia seguinte ganhámos à Holanda, para azia da forte comitiva holandesa presente no curso, mas com o apoio tão inesperado quanto entusiástico de duas colegas espanholas, uma galega e outra de Lanzarote. Já eramos seis a puxar pelos nossos.”

Daniel Rocha continuou “A cantoria foi na noite (era de dia, era sempre dia) dos “European flavors”. Nesse intercâmbio gastronómico o nome de Portugal voou bem alto tantos foram os elogios à nossa mesa: entre fogaças e caladinhos, Porto, Verde, enchidos, queijo da serra e ovos moles, os nossos colegas estrangeiros deliciaram-se e fizeram desaparecer tudo num ápice. No final, para lá das felicitações, ganhámos promessas de futuros turistas para o nosso país. Quem sabe? Foi realmente uma noite (de dia) culturalmente muito rica e muito divertida. Mesmo que tenha acabado com mais de 40 estrangeiros a dançar Quim Barreiros. Não digo que música “, provocou Daniel.

““Midnight Sun Course 2012” foi, sem dúvida, um momento especial de formação e de partilha intercultural. Já em setembro começaremos o projeto “Regions2”. Temos esperança que o venha a ser também”, concluiu Filipe Cálix.

No final os professores não quiseram deixar de agradecer o apoio da Direção do Agrupamento e dos colegas que compensaram as suas ausências.   

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